UED -Zombie

Publicado: 26 de novembro de 2018 em Uncategorized

Another head hangs lowly
Child is slowly taken
And the violence, caused such silence
Who are we mistaken?

But you see, it’s not me
It’s not my family
In your head, in your head, they are fighting
With their tanks, and their bombs
And their bombs, and their guns
In your head, in your head they are crying

The Cramberries – Zombie

A fumaça baixava lentamente nos corredores mal iluminados. Lady G tossiu, sentada no corredor de metal frio, enquanto segurava o ombro ensanguentado. A visão dela tremia, perdendo o foco pela perda de sangue. Ela se ergueu, lentamente.

Subitamente, barulhos de passos. Ela tenta erguer a espingarda, mas o braço não tem forças.

  • Merda – pensou.- Será que ainda tem um bastardo vivo? Não passarão! Nem sobre meu corpo morto!

A sua visão foca na pessoa chegando. Ela reconheceu Lud pelo cabelão grande e encaracolado, e sorriu. Seu corpo, já ferido e cansado cede finalmente a dor e stress. Ela desfalece, segurada por Lud.

Eles entraram sorridentes, cumprimentando a todos com apertos de mão e sorrisos abertos. Mensageiros de Abbey Road, um aglomerado distante. Vieram trocar suprimentos e trazer mensagens. Mas não eram runners. Eram apenas sobreviventes de um mundo ruim, como todos nós.

Eles beberam uma cachaça quente no bar do Shorty, comeram nosso pão. Contaram histórias de Abbey Road e dos perigos até chegarem aqui, em Vice. O ânimo das pessoas ao redor melhorava, sabendo que mesmo com todo frio, os renegados, os invasores, estávamos vivos e lutando. Uma vela no meio da escuridão. Eles foram descansar no dormitório, para conversar com a nossa Líder quando amanhecesse.

O Ninguém imaginava é que os mensageiros de Abbey Road não eram mensageiros. E sim uma força destacada para acabar conosco. Roubar nossos recursos, matar nossa gente. O amanhecer iniciou com o som de gritos e o gosto de sangue.”

A vida passa em um suspiro e começa e termina com um grito. Lady G acorda ouvindo seu próprio grito de dor. Ela abre os olhos, a luz clara ofuscando sua visão, e ela reconhece Lud e Cassi-O parados olhando para ela. Ela tenta se mover, mas Cassi-O coloca a mão sobre a testa dela:

  • shhh calma G.

  • Você está acordada, G! Que alívio! – Fala Lud, sorrindo. Um sorriso que mistura alegria e tristeza ao mesmo tempo. Um sorriso… torto.

  • O que… onde? – Lady G balbucia, olhando para os lados. Parece o dormitório dela, mas está irreconhecível. Bagunçado, quebrado, sujo.

Foi naquela manhã. Lady G foi acordada por uma explosão e pelos gritos vindo do corredor. Ela se ergueu velozmente e pegou sua espingarda. – Renegados? – foi o primeiro pensamento dela, enquanto recarregava a espingarda e corria até a origem da balbúrdia. Quando ela passa pela porta vê o corpos e o sangue, pintando os corredores como um quadro mórbido de um pintor insano. Ela corre na direção do salão comunal, passando pelos corpos de seus vizinhos e amigos. Ela, como runner já viu isso antes, já viu sangue, já viu corpos, mas dentro de sua casa era algo completamente novo e tóxico. Ela sentia a garganta apertar e a bile se retorcer, sentindo um gosto acido na garganta.

Seguindo a pilha de corpos, ela chega até o salão comunal. Pessoas correndo feridas, perdidas, de um lado para outro, sem saber pra onde ir. A fumaça e o fogo se espalhando pelas bancas de comida e roupa, o sangue espirrado pelas paredes e nos corpos estirados no chão. Ela então ouve mais disparos, vindos do Salão dos Líderes. Ela dispara adentrando em um corredor, ate chegar perto da porta da sala de reunião. De lá, sai Macy Hammer, uma das líderes do Aglomerado, aturdida, e com a roupa ensopada de sangue.

Os olhos das duas se cruzam por um instante. Macy mexe os lábios em um grito sem voz. O que ela disse? Lady Rose? Lady Road? Maybe Road? …Abbey Road…Merda!

Nisso, um dos mensageiros de Abbey Road sai atirando e a cabeça de Macy explode, seus miolos atingindo a parede do corredor. Lady G empunha a espingarda e atira, derrubando o agressor. Mas infelizmente ele não estava sozinho, e vários outros saem da sala atirando. No meio da chuva de balas, ela atira repetidamente em todos antes que um dos assassinos atingisse ela no ombro, fazendo-a perder o equilíbrio, e trazendo a escuridão.”

G. olha para Cassi-O e Lud, esperando alguma resposta. O olhar de medo de Cassi-O e a lágrima escorrendo pelo rosto sujo de Lud foram sua única resposta. Ela engoliu seco. O silêncio era estarrecedor.

  • E agora? – Balbucia Cassi-O.

G remove a mão de Lud de seu ombro, e tenta se erguer. A tontura vêm sem aviso, mas ela se força a ficar em pé. Escorando as costas na parede, ela puxa uma cigarrilha de ervas do bolso e acende, tragando forte o fumo.

  • Agora salvamos quem sobreviveu e lambemos nossas feridas. E que Lemmy seja meu juiz, mas o próximo que chegar na nossa casa vai levar um tiro na cara!

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