UED – Texto Introdutório

Publicado: 3 de junho de 2022 em Uncategorized

Neve cai lentamente no meio da densa floresta congelada. A neblina não ajuda em nada, fazendo o campo de visão através do visor do traje blindado ser quase nula, não mais que 9 metros adiante, mas a IA de Regina continua apontando a marca designada 300 metros adiante. O Grupo de 4 pessoas avança pela neve em seus trajes de proteção, enquanto o medidor de temperatura do traje de Regina marca “-58º Celsius”.  Todos avançam em silêncio pela neblina, cada um cuidando o máximo para continuar vendo os outros, com Regina na frente, e seus três companheiros logo atrás, em uma formação diamante.

Eles seguem vários metros na densa neve, protegidos pelos seus trajes, até a entrada de uma grande caverna na base de uma montanha. 

Antes que Regina possa falar algo, Klaus para, levantando o braço direito e falando pelos comunicadores.

  • Parem.

Ele examina uma árvore ao seu lado, observando uma espécie de adaga grosseira e primitiva, cheia de entalhes e com o cabo de couro de urso. Ele arranca a adaga da árvore e mostra aos outros.

  • Os Renegados estão perto, Regina. – Ele examina a marca deixada na árvore – Não mais que 2 dias que essa faca foi cravada aqui. Eles estão por aqui com certeza.

Regina examina a adaga e responde: Se eles soubessem que estamos aqui, já teriam nos atacado. 

  • Puta merda, ainda mais essa! – diz a moça do lado de Klaus – já não basta as ravinas, a neblina, os mamutes e agora , Renegados! Essa missão está ficando mais e mais merda, Capitã.
  • Quieta, Krys! Essa missão é importante, e estamos todos vivos. Deixa de reclamar por um instante. 

O rapaz no final do grupo dá uma risadinha através do alto falante do traje:

  • É só o que ela sabe fazer, Capitã.
  • Vá se foder, Max! – responde Krys.
  • Quietos! Adiante Runners, temos uma missão a cumprir! – diz a capitã Regina, terminando a discussão.

Eles entram na caverna escura, apenas iluminada pelos canhões de luz dos trajes e armamentos dos Runners. As paredes, de rocha crua, são adornadas por uma vegetação que cresceu lá há anos, tapando quase toda extensão das mesmas. Porém, em certos pontos, pode-se ver marcas verdes pulsantes, indicando que ali há algum traço do maquinário dos Invasores do nosso mundo.

Max remove as vinhas de uma das paredes, e para sua surpresa, uma imagem incrustada na pedra faz ele engolir em seco. Sem coragem nem para gritar, ele fica estagnado olhando aquela forma, provavelmente esculpida por um humano, mostrando o desenho de uma Sonda Invasora , até que a voz metálica vinda do traje de Klaus o chama:

  • MAX! Vem logo!

Max balança a cabeça rapidamente, como se expulsasse de sua mente as imagens terríveis do ataque que eles sofreram mês passado. Ele corre para alcançar o resto do grupo, que está alguns metros mais adiante parado perto de alguma coisa que pulsa em verde, ao lado de algo que parece ser uma rocha congelada. Na frente deles, uma segunda entrada, desta vez perfeitamente quadrada, e coberta de neve.

Todos ficam de frente à entrada, estagnados.  Klaus olha o pulsar na parede, e, limpando a vegetação, mostra um mecanismo de metal negro com várias runas pulsando em verde. 

  • Parece algum tipo de sensor.

Krys, por outro lado, examina junto com Regina o bloco de neve do lado do portal. 

  • Ozzy, analise esse bloco – ela fala baixinho dentro de seu traje.

Uma voz sintetizada, extremamente parecida com a voz de um famoso cantor de Hard Rock da era antiga, responde:

  • Minha Garota… detecto ligas metálicas coerentes com formato de um traje de exploração da UED Padrão. A análise do Bioscanner indica que dentro do traje há um corpo congelado, morto! Quem podemos colocar no caso?  Precisamos de Perry Mason! – Diz a voz.
  • Beleza… era só o que faltava – Diz Krys, em voz alta. – Capitã, acho que encontramos Forrest Gump.
  • Quem é esse? – Pergunta Max.
  • Um Runner do aglomerado de Jynx – responde Regina. – Eles avisaram que ele e mais 2 não voltaram de uma missão já faz mais de mês. É por isso que estamos aqui. Para investigar essa locação.

Regina examina a entrada e usa a manopla de seu traje para remover a neve da parede. Removendo a neve, a entrada se mostra trabalhada com um metal negro estranho com runas estranhas engravadas em algo verde. O verde pulsa em intervalos regulares. 

  • Ooookay – fala Klaus – Acho que encontramos uma base Invasora.
  • Muito bem, vamos adiante – diz Regina, apontando para frente e olhando a tela de sua manopla.
  • Capitã, desculpa incomodar, mas temos um runner morto aqui. Por que você acha que iríamos conseguir, já que ele não conseguiu? – Krys fala, ainda analisando o corpo e tentando remover o gelo e a neve do mesmo.

Regina se volta para Krys, bufando por dentro pela covardia da novata, mas ela precisa manter a compostura e a conduta de uma Capitã da UED. Ela se agacha perto de Krys e, mostrando a tela de sua manopla, que está identificando e rastreando o caminho à frente, olha para Krys e coloca a mão no ombro dela.

  • Ninguém vai conseguir além de nós, Krys, porque ninguém tem o que nós temos. Harmonia. – Ela levanta – Agora descubra por que ele morreu e se ele tem algum suprimento útil para nós. Klaus, o que tem aí do outro lado?
  • Parece um sensor de algum tipo, Capitã. Mas meu traje não consegue identificar seu propósito.
  • Deixa eu dar uma olhada – Regina se aproxima do sensor e começa a analisá-lo usando seu traje.
  • Capitã! – Diz Krys. – O Gump aqui foi morto por uma súbita explosão iônica que sobrecarregou o traje dele e fritou o cérebro. Energia não restou nada no traje, mas consigo remover o container externo e ver o que ele carregava. Só preciso derreter um pouco o gelo! – Nisso, um braço mecânico com uma pequena pistola de plasma se abre no traje de Krys e a pistola de plasma começa a derreter o gelo.

Regina, a Capitã do grupo da UED “Cerberus” para e pensa por alguns instantes. Ela olha o portal, o sensor e o corpo. 

  • Acho que sabemos o que aconteceu aqui, não? – diz ela.

Pelos alto falantes de Max ouve-se um suspiro. – Capitã, desculpa, mas a Cientista aqui é a senhora. Klaus ri – Porra Max, não dá uma de morgado. É simples.

  • A Entrada permite apenas invasores entrarem. – Diz Krys – O sensor ali analisa o sinal dos Invasores e libera a entrada. Quem não for permitido pelo sensor recebe uma descarga iônica. E foi isso que matou nosso Forrest aqui. 
  • Então não temos como passar – diz Max. Acabou por aqui.

Regina sorri por dentro da armadura blindada e puxa uma engenhoca da sua mochila. A Engenhoca parece um Detector de Ondas completamente modificado, com fios soltos, e um cabo que ela prende ao seu traje.

  • Não se eu puder resolver isso. – Ela diz, em tom sarcástico.

Ela puxa um segundo cabo que termina em uma bolita verde e começa a interagir com o sensor na parede. A Engenhoca faz um barulho esquisito, depois o sensor repete o mesmo barulho. Regina está em um cabo de guerra com o sensor para provar que ela e o resto dos runners são Invasores. Um minuto depois de trocas de barulhos e alguns xingamentos de Regina, o sensor finalmente cede à força da Cientista, piscando em vermelho. 

  • Podemos passar – diz ela, suspirando – Vamos, rápido.

Eles passam pelo portal rapidamente, seguindo pelo escuro corredor por vários metros. As luzes dos trajes iluminam as paredes rochosas que cada vez mais parecem com uma base dos Invasores, sendo substituídas por vigas negras de um metal alienígena, e depois, por outro portal, mas desta vez sem sensores. Após o portal, o piso começa a inclinar para cima, em uma subida levemente íngreme. Os runners seguem iluminando o local, andando lentamente, pois sabem que uma base de Invasores é mais perigosa que um exército de Renegados.

  • Essa merda dá medo – diz Krys, apontando com a lanterna o teto alto e cheio de entalhes em preto e verde.
  • Com certeza – responde Klaus – parece que estamos na porta do inferno encontrar Satanás em pessoa.
  • Quem tem cu, tem medo – fala Max, ajeitando seu Rifle pesado para iluminar o corredor atrás dos runners.
  • Calem a boca e andem, caralho – responde Regina.

Mais um portal adiante, também sem sensor (provavelmente o sensor era apenas para entrar na Base), eles se deparam com um grande corredor com piso, paredes e teto como se fossem tubos metálicos com placas verdes espalhadas aleatoriamente por toda extensão. No chão, poucos metros adiante, um pedaço de um braço de um traje Runner parece preso entre um tubo e outro, com a mão erguida para cima. Regina quando vê aquilo começa a caminhar. Então, Klaus segura seu ombro, a fazendo parar abruptamente.

  • O que foi, Klaus? Não está vendo que tem alguém ali preso?
  • Algo não está certo aqui, Capitã. Deixe eu tomar a frente.
  • Muito bem.

Klaus fica na entrada do corredor, pensativo. Ele vira para Krys e pergunta:

  • Alguma coisa no container do Traje do Gump?
  • Está aqui comigo, mas não abri ainda. Um momento. – Diz a garota

Krys abre a mochila do corpo encontrado antes e começa a remexer. 

  • Um container de energia Gama, Rações – Estragadas, Água, parece estar boa, 3 cartuchos de munição, um kit de sobrevivência pela metade, e um soldador de plasma, como o meu. Acho que dá pra aproveitar a bateria dele.
  • Ótimo, me passe uma das rações estragadas – diz Klaus.

Ele pega o pacote quadrado e os sensores de seu traje já emitem o cheiro pungente que vem dele. Uma voz aveludada e potente fala para ele dentro do Traje: – Alimento estragado, Klaus, recomendo não comer, não precisamos de mais um herói morto. – Ela diz.

  • Eu sei Tina, não se preocupe. – Ele fala baixinho para sua IA Companheira, enquanto arremessa a ração para dentro do corredor. 

No momento que o pacote toca no chão, uma grade laser se cria no exato local, cortando o pacote em 8 pedaços. 

  • Então foi isso que aconteceu com o dono daquele braço – Diz Klaus. Automaticamente os tubos parecem se mover fazendo o pacote cair entre os vãos, desaparecendo no chão. – Não podemos tocar o chão nem as paredes, nem o teto. Isso é uma armadilha que somente as Sondas, que flutuam, conseguem passar. 
  • Se temos que flutuar, então vamos flutuar! – Diz Max, tomando a frente, e ajeitando sua arma nas costas. Ele se posiciona perto do portal e aponta sua manopla para o outro lado do corredor, onde há uma parede. Com um “CLANK” se abrem 3 ganchos da manopla, mostrando o Arpéu que ele possui acoplado em seu traje. – Sabia que um dia ia ser útil, ri ele. O Arpéu é arremessado com força pelo traje até o outro lado da sala, se prendendo com firmeza na parede lá na frente. Max puxa com força o cabo de aço, testando a resistência do mesmo, e quando se dá por satisfeito, se segura no portal.
  • Vão! Usem o cabo e passem pelo corredor. Eu fico aqui segurando.
  • Entendido Max – Diz Regina. – Aguarde a gente voltar. Se algo acontecer, solte o cabo e volte pro nosso Aglomerado.
  • Entendido, Capitã – diz ele – Mas eu aguento bem mais que um mamute aqui. Vão. 

Um a um os runners se penduraram no cabo que Max segurava, agarrado ao portal, e começaram a cruzar pelo corredor tubular. Primeiro foi Klaus, depois Regina, e por último Krys. Com a ajuda dos servomotores dos trajes dos dois primeiros passam sem problemas, e o cabo segurou muito bem agarrado na parede oposta. Porém, Krys quase não consegue se segurar, pois o traje dela é específico para funções médicas e mecânicas e não têm muito torque, e a mesma, por pouco não encosta as pernas no chão, ficando dependurada.

  • Vamos lá Krys, você consegue! – Fala Klaus – Vem devagar que eu te espero aqui na ponta!
  • Eu to segurando aqui, Krys, você vai conseguir – Berra Max lá do outro lado da sala.

Krys, que estava tensa, pendurada apenas pelas mãos no cabo, começa a suar frio dentro do traje. Sua respiração começa a ficar ofegante. Os gritos dos seus companheiros da UED mal eram ouvidos, pois a cabeça da garota estava a mil por segundo. Milhares de pensamentos, tipo “Vou cair”, “vou morrer”, “novata burra” replicavam em sua consciência, e lágrimas começaram a correr pelo seu rosto. Ela estava a ponto de largar o cabo quando ouviu uma voz suave no seu ouvido:

  • Se olhe no espelho e me diga se você acha que a sua vida está em perigo,
  • Chega de lágrimas, garota! 
  • Você consegue! Se erga!

Ela reconhece a voz de Ozzy, sua IA Companheira, tentando acalmá-la. Respirando fundo, ela agarra firme e atira as pernas para cima, prendendo-as no cabo.

  • ISSO! Vamos lá Krys! – Berra Max

A moça de cabelos curtos e loiros, completamente ensopados de suor, força seus braços e seu traje ao máximo para cruzar os metros que faltam até ficar do lado de Klaus e Regina.

  • Muito bem, Krys – Diz Regina, colocando a mão no ombro dela. 
  • Nada mal pra uma novata. – Diz a voz vindo do traje de Klaus.
  • Eu vou aguardar vocês aqui – Diz Max. Se precisarem de algo, deem um berro!
  • Afirmativo, Max. – Responde Regina.

E os três restantes seguem pelo corredor a direita, mais uns 30 metros até encontrarem um grande salão. O salão era completamente bizarro, completamente preto com runas verdes pulsando em todos lugares, com um teto parecendo um domo. No meio da sala, um pedestal do mesmo material tinha sobre ele um estranho cubo da mesma cor preta que o metal invasor, porém, o interior que brilhava era dourado. Um barulho de “Humm” ecoava baixinho pelo salão e algo ao redor do cubo reluzia, como se houvesse uma bolha invisível protegendo o mesmo, mas a primeira coisa que os runners notaram eram as quatro Sondas Invasoras, cada uma em um lado da sala.

Klaus ergue sua metralhadora, mas Regina segura o braço dele.

  • Psss – ela fala baixinho – Elas estão desativadas.

Klaus olha as sondas e realmente. Não havia o famigerado brilho verde pulsando delas. Estavam estacionadas no chão, e ele jurou por um segundo que elas pareciam estar dormindo. 

Regina olha para os outros e aponta o cubo. Depois aponta para eles e com um sinal de mão, manda ficarem de prontidão. Lentamente ela começa a se mover na direção do cubo, até perceber as runas desenhadas no chão. Pareciam um padrão. Tudo ali tinha um padrão. Respirando fundo, ela pisa na única runa que não tinha visto até agora naquela base. 

Nada acontece.

Ela então pisa em outra runa igual, e novamente nada acontece. Devagarinho ela vai cruzando a sala, às vezes pisando de lado, outras saltando de uma runa a outra, até chegar de frente ao pedestal.

Klaus e Krys, do outro lado da sala, mal respiram. Armas em punho, eles estão focados entre mirar nos Drones parados e olhar sua Capitã fazer um balé com o traje blindado, até ela ficar frente a frente com o pedestal e o cubo. 

Regina diz baixinho: “Lemmy, libera o cano para fluxo de ar”. Um leve “Click” na cintura dela e ela puxa uma mangueira corrugada, com uma válvula na ponta. Apertando um botão na válvula, um leve jato de ar sai do cano, removendo toda poeira de cima do pedestal, mostrando diversos símbolos brilhando em verde e dourado. Ela então abre sua mochila e remove outro de seus aparelhos estranhos. Esse parece a mistura de um celular flip com um Medidor PK dos Caça-Fantasmas com duas antenas abaixadas. Ela liga o aparelho e começa a analisar o pedestal, o cubo, e os 20 cm de nada entre um e outro. O medidor volta e meia sobe as antenas e pisca como se o próprio ZUUL estivesse ali na frente dela. Regina sorri.

  • Acho que sei como resolver isso, Runners. – Ela diz, virando para seus companheiros.

Ela pressiona uma das runas e várias portinholas abrem dos quatro lados do pedestal. Cada uma delas com um tubo do tamanho de uma garrafa de coca-cola com um líquido verde brilhante dentro. – Células de Energia! – diz Krys, excitada – Caralho, tudo que precisávamos! 

Regina vira para Klaus e diz “Vem mais pra perto, Klaus. Preciso que tu pegue pelo menos uma ou duas dessas Células.” – Klaus, sem baixar sua arma, salta as mesmas runas que a Capitã saltou e se posiciona no meio da sala.

Regina lentamente remove um dos cilindros e guarda no seu container. Uma das luzes verdes do topo do pedestal apaga. Ela, ainda pisando nas runas corretas, vai até o lado e pega um segundo cilindro, jogando o mesmo para Klaus, que guarda em sua mochila. Uma segunda luz verde se apaga no topo do pedestal. Ela caminha até a terceira alcova e remove outro cilindro, lentamente. Uma terceira luz se apaga no pedestal e o “humm” cessa, com uma pequena faísca ao redor do cubo, como se a “bolha” que tinha ali se desfizesse. 

  • Desligamos o escudo que protegia o cubo – Diz Regina, arremessando o terceiro cilindro para Klaus, que joga para Krys. – Acho que precisamos deixar um deles funcional para que essa merda toda não dispare um alarme. – termina a Capitã, antes de voltar a ficar frente a frente com o cubo.
  • Agora, o prêmio principal – ela diz, sorrindo e suando bicas – Preparem-se para qualquer coisa!
  • Capitã – fala Klaus – Não acho uma boa ideia mexer nisso aí. Pode ser algo perigoso. Conseguimos células de energia. Deixa essa porcaria invasora aí.

Klaus, sabia Regina, era Purgador. Os Purgadores acreditam que devemos utilizar apenas o necessário de tecnologia Invasora e o resto deve ser destruído. Mas Regina era a Capitã, e ela que mandava nessa missão. Os apelos de Klaus caíram em ouvidos surdos.

Regina abre sua mochila e remove um saco pesado, que tinha amostras de minério que ela tinha achado durante a expedição. Ela analisa o peso do saco, concentrada, uma mão segurando o saco, a outra esticada perto do cubo. Alguns segundos se passam e ela abre o saco e remove duas pepitas do minério, fechando o saco novamente. Ela ergue o saco e faz ele saltar em sua mão, uma, duas vezes, analisando o peso. Klaus e Krys estão vidrados olhando para sua Capitã, suor escorrendo e armas em punho. Por fim, quando Regina acha que o peso e o tamanho estão corretos, ela move os dedos e rapidamente troca o cubo de lugar com o saco de minérios. 

Por vários segundos parece que o tempo para. Ninguém se move, e nada acontece. 

Regina então relaxa os ombros e se vira para os outros: “Acho que deu certo…”

Nesse momento o saco começa a vibrar rapidamente como se entrasse em fluxo e todas as luzes douradas do pedestal se tornam vermelhas, assim como todas as runas da sala. O “humm” de outrora vira um rosnado metálico como se um Tigre dentes-de-sabre robótico ecoasse por toda sala. O saco de minérios explode, atirando pedaços de metal para todos os lados, e as Luzes dos Drones começam a se ligar e os mesmos começam a se erguer do solo.

  • PUTA QUE ME PARIU! Manobra HELLRAISER!!! – Berra Klaus, apertando fundo o gatilho de sua metralhadora que estava apontada para um Drone. Junto com ele, a Submetralhadora de Krys cospe balas no mesmo drone, que não tem tempo nem de acender todas suas luzes antes de cair em um baque surdo no canto do salão. Regina começa a correr na direção da porta, aproveitando o ensejo de seus colegas, e puxando sua Ruger MK33 – uma pistola pesada que mais parecia uma Magnum 44 e se posiciona ao lado de Krys.

Os outros três Drones se erguem e seus canhões Laser começam a apontar na direção de Klaus. Regina aponta para Klaus e berra “Detona Tarantula, Klaus, AGORA” e começa a disparar a esmo para todos os lados onde tem sondas. Krys faz o mesmo, mas com a vantagem de mangueira de sua submetralhadora, consegue atingir melhor várias balas nas três sondas que parecem nem sentir o baque. Klaus, seguindo a manobra, caminha para trás, e arremessa uma Granada no meio das três Sondas. A granada explode enchendo de fumaça o local, impedindo a passagem e a mira laser dos Drones. Feixes de laser passam deslocados perto dos runners, sem atingir nenhum. “Se fodam aê, hahahah” – pensa Krys.

Os três colados no portão e se aproveitando da fumaça que impedia os Drones de mirar direito cravam seus dedos nos gatilhos de suas armas até acabar a munição. Em menos de 30 segundos todos os Drones caem, mas alguns feixes de laser acertam os 3 Runners. Nada grave, pensa Krys, mas ela vai precisar remendá-los antes de saírem fora dessa Base. 

Regina corre para um dos drones e puxando novamente a mangueira do seu cinto, ela conecta no meio do olho do primeiro drone caído. A mangueira começa a fazer um barulho e um líquido verde passa do Drone para o container dela.

  • Não é hora pra isso, Capitã! – Berra Klaus – Precisamos cair fora logo desse lugar.
  • Aos vencedores, as batatas! – Diz a capitã – Esse aqui não sai ileso e precisamos de energia.
  • Krys, vá pro cabo,  rápido!
  • Estou indo, Klaus!
  • Puta merda Capitã, vamos logo!
  • Já estou terminando aqui. Vá para o cabo você também Klaus. 
  • Mas, Capitã…
  • É Uma Ordem! Vá Runner!
  • Sim, senhora!

Quando Klaus chega no cabo preso com Max do outro lado segurando o mesmo, Krys já cruzou mais da metade do caminho. Pelo jeito a novata pegou o jeito de andar de cabo. Max grita “Pode subir também, eu seguro vocês dois!”

Klaus esperou um pouco até Krys estar quase do outro lado e se agarrou no cabo. Sem chance de ir calmamente, ele cruza as pernas e puxa o cabo com todas as forças para impulsionar seu corpo o mais rápido possível. Quando ele está quase na metade, um tremor faz todos, inclusive Max, balançarem. Max cai, quase derrubando o cabo e Klaus para o chão, mas Krys o puxa na hora exata, impedindo Klaus de cair. Quando Klaus está quase terminando de cruzar, a Capitã vira a esquina a toda velocidade. 

  • Regina, rápido! – Grita Krys 

Regina aproveita o impulso e salta o mais longe possível para dentro do corredor, se agarrando com força e habilidade no cabo de Max com uma mão (a outra segurando o cubo) que, auxiliado por Krys e Klaus seguram para que o cabo fique tensionado. 

  • Esse cabo não aguenta isso, Capitã!
  • Precisa aguentar, Max, o Salão lá atrás começou a desmoronar. Precisamos sair daqui o mais rápido possível.
  • Capitã, joga o Cubo pra cá que a gente segura, você não vai conseguir com só uma mão. 

Regina olha indignada para Klaus porque sabe que ele não gosta de artefatos dos Invasores, mas sabe que ele está falando a verdade. Ela arremessa o cubo, que cai nas mãos de Klaus.

Klaus quando pega o artefato imagina arremessá-lo no meio da sala, para que os lasers destruam essa merda antes que Regina leve essa bomba relógio para o Aglomerado deles. Mas com toda suas forças ele empurra pra longe esse pensamento. Dever com a UED primeiro, e Regina era sua Capitã. Quando ele ergue os olhos, ela termina de cruzar o corredor,  no mesmo momento que a parede oposta, com mais um tremor, cede soltando o gancho que cai no chão, e o cabo no corredor, o que faz dezenas de malhas laser retalharem o cabo em mil pedaços. Max desengata o que sobrou de seu arpéu da sua manopla e atira no chão. 

  • Vamos, debandada, runners! Vamos! – Berra Regina a toda velocidade, sendo seguida pelos outros três Runners.

Eles correm a toda velocidade, e quando estão descendo o corredor íngreme um grande barulho no teto faz Krys virar para trás. Do teto, uma Tarântula mecânica, uma das máquinas mais perigosas dos invasores, cai do teto bem nas costas deles, no início do corredor, e começa a avançar na direção deles.

  • UMA TARÂNTULA! – Berra Krys – PUTA MERDA PUTA MERDA PUTA MERDA!
  • CALA A BOCA E CORRE! – Berra Regina.
  • MAX, Granada! – Fala Klaus

Max, enquanto corre, puxa uma granada e arremessa para trás, na esperança de pelo menos atrasar a Tarântula. Se ele conseguiu reduzir a velocidade dela ninguém ficou olhando pra saber. Eles forçam seus trajes e correm o mais rápido possível saindo da passagem inclinada para o corredor principal.

Perseguidos pela Tarântula que antes estava a pelo menos 100 metros deles, mas sendo muito mais rápida começa a alcançá-los. Regina olha para frente desesperada e vê o Portão com o sensor. Subitamente uma ideia surge na mente dela. Aproveitando o excesso de energia que ela conseguiu do Drone, ela força ao máximo seus sistemas para correr até o lado do sensor, e berra “PASSEM LOGO”. Klaus, Max e Krys passam e ela dá 5 passos para trás, erguendo sua arma para a Tarântula, que está a menos de 10 metros dela. 

A Tarântula avança velozmente para cima de Regina com suas patas afiadas como lâminas gigantes, mas quando ela vai cruzar o portal, Regina vira o cano de sua arma para o sensor e dispara 3 tiros. O sensor entra em curto e o portão explode em energia Iônica. A Tarântula, no meio do portão, recebe uma carga iônica no meio das fuças e para a meio metro de Regina, circuitos faiscando e com as pernas tremelicando. Regina termina de descarregar sua pistola no meio da cara da tarântula até que ela para de se mexer. 

Com as pernas bambas, a Capitã começa a caminhar para fora da Base, pistola pendurada em uma mão, o cubo que ela pegou de Klaus na outra. 

“Eu não acredito que escapamos vivos disso” – pensou ela enquanto saía para fora da caverna. Porém o que ela não esperava era ver seus três companheiros com as armas largadas no chão, cercados  por pelo menos 20 renegados com armas primitivas e entre eles um… runner com uma escopeta apontada para eles?

  • Ora ora – Disse a voz metálica do Runner desconhecido. – Capitã Regina Hart. Você como sempre se mete onde não é chamada, mas dessa vez, vai custar caro para você.

Regina reconhece a voz. “Forrest Gump” – Ela diz. Ele abre o visor de seu capacete e sim, é ele mesmo. Forrest Gump, o runner desaparecido junto com outros dois. Ele sorri, rindo da cara de surpresa dela. 

  • Meus companheiros morreram na Base Invasora mas eu consegui escapar. Consegui um tratado com esses Renegados. Agora se me der licença… – ele estica a mão dele na direção do cubo. Regina olha para a mão, olha para o cubo e joga para Gump. Ele ainda rindo aponta para a pistola dela. Regina solta a pistola, que cai na neve. 

Ela olha os Renegados ao redor e depois se volta para Gump:

  • Uma pena que eles não sabem que você é pior que eles, Gump, você é um traidor de merda!
  • Ah, você poderia avisá-los, se soubesse a língua deles, Hart.

Com isso, Gump vira dramaticamente para os Renegados e ergue o Cubo alto para todos verem e diz “GADE, BONDYE MACHIN YO DEVAN OU!”. Há um murmúrio entre os renegados e eles se ajoelham. Gump sorri.

Neste momento um estampido ecoa na floresta. A cabeça de Gump balança, sangue voando para os lados e ele cai para o lado, com Klaus empunhando uma pistola leve fumegante em riste. Rapidamente, Regina pega o cubo e todos começam a correr. Os Renegados ficam aturdidos por alguns instantes sem entender o que está acontecendo, até que um deles se ergue e aponta para o grupo em disparada.

  • PRAN NOU!!! – Ele berra, e todos os Renegados começam a correr atrás dos Runners.

Em corrida, os runners se embrenham no meio das árvores cobertas de neve, para logo depois, tiros e lanças cruzarem por eles. Fugindo em disparada, os runners correm pelas árvores tentando alcançar seu objetivo. Logo atrás , um monte de renegados aos berros correm atrás deles, atirando lanças e disparando tiros, que por sorte não pegam neles. Eles correm por cerca de 5 minutos até sair da floresta, onde uma caminhonete está parada, coberta de neve.

  • Vamos, vamos! – Berra Max

Klaus entra e sobe no banco do piloto, tentando ligar a caminhonete. Os outros vão subindo o mais rápido possível. Nisso, os Renegados saem da floresta. Klaus consegue ligar o veículo e acelera. Vários tiros acertam a blindagem da caminhonete, mas os runners conseguem sair em disparada para longe dos Renegados.

Todos eles respiram aliviados dentro da Caminhonete, que começa a voltar para o seu Aglomerado. Krys, do banco de trás, remove o capacete do traje, e com uma cara de nojo diz:

  • Tarântulas, odeio Tarântulas…

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